O sítio arqueológico de Dodona localiza-se próximo da cidade de Tomaros, em Épiros, na Grécia. Foi um oráculo pré-histórico dedicado a Deusa mãe identificada com Réia ou Gaia, mas aqui denominada Dione; mais tarde também dedicado a Zeus.
O templo de Dodona foi o mais antigo oráculo helênico, segundo o historiador do século V Heródoto e de fato é datado de épocas pré-helênicas, talvez tão cedo quanto dois mil anos a.C.
O santuário em Dodona era o maior centro religioso do noroeste grego na antiguidade. Segundo o mito relatado por Heródoto, o santuário foi fundado por indicação de uma pomba (do grego peleiades, pomba, significando simbolicamente uma sacerdotisa), que havia saído de Tebas, no Egito, e chegado no local, pousando sobre um carvalho, árvore dedicada a Zeus, e falado em voz humana que ali deveria ser estabelecido um oráculo.
As escavações indicam que o sítio é de ocupação muito antiga, havendo vestígios desde a Idade do Bronze. Aristóteles dizia que era a área onde os gregos se originaram. Possivelmente os primeiros cultos ali oferecidos se destinavam a deidades femininas ligadas à terra e à fertilidade, como a Grande Mãe. O culto de Zeus Naios (da fonte) e Zeus Bouleus (conselheiro) foi trazido por uma tribo de Thesprotia, os Selloi, e incluía a veneração a Dione, sua esposa divina. Logo outros deuses também passaram a ser cultuados, como Afrodite e Têmis.
O santuário é citado por Homero na Ilíada, mas nesta época ainda não havia edificações, e o culto era realizados a céu aberto, em torno da árvore sagrada e da fonte que a seu pé corria, com um simples círculo de caldeirões a delimitar o espaço sagrado. Mais tarde, no século IV a.C., foram erguidos o primeiro pequeno templo de Zeus e três stoas, bem como foi murada a acrópole. No século seguinte o rei Pirro deu-lhe o seu caráter monumental, erguendo os templos restantes, o teatro, o bouleuterion, o prytaneion e o estádio, que era a sede dos Jogos Naios em honra a Zeus. Nesta altura a fama do oráculo havia se estendido para além das fronteiras da Grécia.
Em 219 a.C. o santuário foi destruído pelos etólios, mas logo foi restaurado por Filipe V da Macedônia, e funcionou até 167 a.C., quando os romanos de Augusto o arrasaram, seguidos pelos trácios de Mitrídates VI Eupator, em 88 a.C.
Restabelecido com algumas alterações, foi local de culto a Zeus e de consulta oracular até o século IV, quando o cristianismo suplantou os cultos pagãos, erguendo uma basílica no prescinto do templo e abatendo o carvalho sagrado.
K. Karapanos fez as primeiras escavações no sítio em 1875, encontrando uma variedade de objetos e localizando o santuário, e depois dele diversas outras equipes realizaras pesquisas ali, e muitos monumentos foram restaurados até onde possível.
O santuário está circundado por um muro que é uma extensão do muro da acrópole, com a entrada a oeste. Junto à entrada estão um templo dórico, o altar de Hércules, e dois pequenos templos dedicados a Dione. Ao norte do altar de Hércules ficam as ruínas da basílica, e a oeste o mais importante dos edifícios do lugar, a Casa Sagrada (Hiera Oikia), ou templo de Zeus, tendo aos lados os templos de Têmis e Afrodite. Existem outros edifícios ainda não escavados, que juntos com os demais - o bouleuterion, o estádio, o teatro e a casa dos sacerdotes - perfazem uma grande complexo de desenho anfiteatral voltado para o oeste. A acrópole, ao norte do santuário, servia como residência permanente das autoridades de Dodona, e como cidadela em tempos de guerra.
O templo de Zeus com a árvore oracular possuía uma estrutura retangular de 20,80 x 19,20 m e foi erguido em pelo menos quatro fases distintas. No tempo de Pirro o prescinto foi aumentado com colunatas jônicas e uma entrada, mas no lado da árvore sagrada não havia colunas. Ali eram guardados os troféus de guerra e as inscrições votivas, hoje depositados no Museu Arqueológico Nacional de Atenas. No ataque dos etólios o santuário foi incendiado, exceto o templo de Zeus, que foi simplesmente demolido, para o carvalho de Zeus não ser afetado, o que seria um grande sacrilégio. Em represália, no ano seguinte (218 a.C.), os macedônios atacaram e saquearam Thermos, e com o valioso botim reconstruíram Dodona em escala monumental. Sua destruição final ocorreu no final do século IV a.C., com o corte do carvalho e a abertura de um grande fosso no local.
Este templo era um dos mais importantes, dedicado à deusa Dione, a mãe de Afrodite no mito local. O templo primitivo estava perto do de Zeus, e foi erguido entre os séculos IV e III a.C. Incendiado pelos etólios em 219 a.C., jamais foi reconstruído. Estava orientado de leste a oeste, com uma planta de 9,80 x 9,40 m. Tinha uma cella e um pronaos com quatro colunas jônicas, e uma estrutura de tijolos crus. Se preservam parte do umbral de pedra da porta principal e o pedestal da estátua de Dioni. Na reconstrução do santuário depois de 219 a.C. o templo de Dione foi transferido para o sul, com quatro colunas e um frontão na fachada e as dimensões de 9,60 x 6,35 m.
Um dos mais antigos do santuário, foi estabelecido para o culto de Têmis, que, junto com Dione e Afrodite, substituiu o culto da Grande Mãe. O templo foi identificado através de uma inscrição encontrada na galeria do bouleuterion. Sua datação deriva do uso de arenito na construção do pronaos e das pilastras, que o leva para entre 340 e 232 a.C. Orientado de noroeste a sudeste, era uma construção simples de 10,30 x 6,25 m, que incluía uma fachada de quatro colunas, um pronaos e uma cella. À sua frente ainda existem fragmentos de um grande altar e de um pedestal para possivelmente uma estátua votiva. No seu lado sudeste existe um pequeno edifício não identificado nem datado.
Na extremidade sul do santuário foi erguido o templo de Hércules, levantado no século III a.C., no tempo de Pirro, que alegava parentesco com o famoso herói. Era o maior templo depois do de Zeus, com 16,50 x 9,50 m. Como a maior parte dos outros edifícios, foi destruído e reconstruído, com aproveitamento de relevos decorativos antigos. Sobrevive um grande pedestal que fazia parte do altar do templo. Sua dedicação a Hércules é atestada por diversos artefatos encontrados mostrando a imagem do herói.
Estava localizado no centro do complexo, junto ao templo de Têmis. Diversas estatuetas votivas encontradas no interior e adjacências confirmam sua dedicação. Elas mostram uma imagem feminina com uma pomba - símbolo de Afrodite - na mão, junto ao peito. Foi construído entre os séculos IV e III a.C., mas é possível que ali existissem estruturas mais antigas, anteriores às reformas de Pirro, responsável também pela introdução em Dodona do culto de Afrodite Aineiada, que trouxe de Egesta, na Sicília. É um pequeno templo dórico de 8,50 x 4,70 m, erguido em pedra de arenito.
Seu núcleo original tem 31,5 m de comprido, e data do início do século III a.C., com extensões do final do século, e que consistem de três salas auxiliares, onde ceavam os arcontes, e de uma grande colunata. Dentro do prytaneion ardia o fogo eterno, onde os pritaneus (magistrados) e pessoas ilustres faziam refeições e os decretos oficiais eram arquivados. As escavações recentes trouxeram à luz um peristilo dórico junto à entrada. Destruído pelos romanos, foi reerguido em escala maior.
O bouleuterion, levantado na encosta sul da colina, era a Câmara do Conselho, e deve seu nome a Zeus Bouleus, o conselheiro, a quem foi dedicado, junto com Dione. Compreende uma grande sala de 1.260 m² com uma colunata dórica na frente. São preservados parte dos assentos dos magistrados, parte do altar, e a base das paredes, que eram de tijolos. O teto era sustentado por colunas dóricas.
É um dos maiores e mais bem preservados teatros da Grécia antiga, podendo receber até 18 mil pessoas. Data do século III a.C., erguido por Pirro em suas reformas monumentais do santuário. O vão do teatro ocupou uma reentrância natural da rocha, e suas paredes são suportadas por seis torres, criando um efeito majestoso. A platéia tem quatro corredores horizontais e dez escadarias, e a orquestra, 18,70 m de diâmetro, tinha um altar de Dionísio em seu centro. O cenário possuía dois andares, com uma fachada de 31,20 x 9,10m, ladeada por duas salas de apoio e pórticos.
Na reconstrução do santuário o teatro foi ampliado, recebendo um proscênio e salas e pórticos adicionais. Novamente destruído, foi mais uma vez restaurado depois de 148 a.C., com alterações, mas no reinado de Augusto foi transformado em arena, com a remoção dos assentos da frente e a construção de um muro de proteção, além da ocultação da orquestra e da cena com meio metro de terra. Como arena funcionou até o século IV. O teatro foi parcialmente restaurado no século XX e voltou a receber espetáculos de arte.
O estádio de Dodona fica na parte sudoeste do santuário, junto ao teatro. Foi erguido depois da destruição do santuário pelos etólios, e as obras foram concomitantes com uma das fases de construção do teatro, já que parte de suas estruturas são interligadas. O estádio recebia os Jogos Naios a cada quatro anos. Tem de 21 a 22 séries de assentos, e uma fonte até ali conduzida do monte Tomaros dava água para os atletas e assistência. Até agora foi apenas parcialmente escavado.
Localizada no topo de uma colina baixa, está rodeada de um muro trapezoidal construído entre os séculos II e IV a.C., com dez torres, um perímetro de 750 m e uma área de 34 mil m². Seu acesso se dava através de dois portões ladeados de torres, a nodeste e sudoeste, e um outro, menor, ao sul. Foram encontradas nas escavações os alicerces de várias casas e uma cisterna.