A designação de Panteão Nacional em Portugal é partilhada por dois monumentos:
A decisão de "panteonizar" ilustres figuras portuguesas não é recente. Em 1836, o então ministro Passos Manuel decreta a edificação de um Panteão Nacional mas sem local ainda escolhido. O objetivo na época seria dignificar os heróis que se sacrificaram na Revolução de 1820 e reerguer a memória coletiva para grandes homens entretanto caídos no esquecimento, como Luís de Camões. Para a memória coletiva dos portugueses, no entanto, o Mosteiro dos Jerónimos, o Mosteiro da Batalha ou mesmo São Vicente de Fora permaneceram durante muito tempo como os verdadeiros panteões portugueses do que aquele que viria a ser definido oficialmente mais tarde.
A Igreja de Santa Engrácia localiza-se na atual freguesia de São Vicente, anteriormente freguesia de São Vicente de Fora, em Lisboa, Portugal. Ainda incompleto, passa a ter o estatuto de monumento nacional em 1910 e depois a função de Panteão Nacional com a Lei n.º 520, de 29 de abril de 1916. Considerado o primeiro monumento em estilo barroco no país, é coroado por um zimbório gigante e o seu interior está pavimentado com vários tipos de mármore colorido. É aberto ao público com aquele estatuto depois de concluídas as suas obras em 1966.
O actual templo situa-se no local de uma igreja erguida em 1568, por determinação da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, para receber o relicário da vigem mártir Engrácia de Saragoça e por ocasião da criação da antiga freguesia de Santa Engrácia, atualmente um bairro. Essa antiga igreja fora construída no local de um templo de meados do século XII mas foi severamente danificada por um temporal no ano de 1681. A primeira pedra do actual edifício é lançada no ano seguinte, em 1682. As obras perduraram tanto tempo que deram azo à expressão popular "obras de Santa Engrácia" para designar algo que nunca mais acaba. A igreja só foi concluída em 1966, 284 anos após o seu início, por determinação expressa do governo da época, após avanços e recuos na sua construção e até ter servido de armazém de armamento do Arsenal do Exército e de fábrica de sapatos nos séculos XIX e XX.
Aliada à dita expressão popular, também está ligada uma outra história. Nos registos da paróquia local, há referências ao 'Desacato de Santa Engrácia', ocorrido a 15 de janeiro de 1630, envolvendo o jovem Simão Pires Solis. Conta-se que era cristão-novo e foi acusado de roubar o relicário de Santa Engrácia. Simão fora denunciado ao Tribunal do Santo Ofício pelos vizinhos das redondezas, uma vez que era frequentemente visto à noite perto daquela zona. Não querendo revelar os verdadeiros motivos que o faziam estar tantas vezes à noite ali por perto, e apesar de se declarar inocente, fora condenado à fogueira no Campo de Santa Clara, a 31 de janeiro de 1631. Antes de morrer, e ao passar pela Igreja de Santa Engrácia, lança-lhe uma maldição, dizendo "É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!“. Só mais tarde é que o verdadeiro assaltante é identificado e percebido o motivo pelo qual Simão nada dissera de concreto em sua defesa: estava enamorado de uma jovem fidalga, Violante, freira no Convento de Santa Clara, próximo a Santa Engrácia, e tinham pretendido fugir juntos naquela noite uma vez que o seu relacionamento era proibido pelo pai da moça.
Como Panteão Nacional abriga os cenotáfios de heróis da História de Portugal, tais como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral ou Afonso de Albuquerque. Entre as personagens ilustres que aí estão sepultadas, encontramos sobretudo presidentes da República e escritores. As excepções são Humberto Delgado e a fadista Amália Rodrigues, cujos restos mortais foram trasladados depois de se alterarem as disposições legais que apenas permitiam a trasladação da fadista para o Panteão Nacional quatro anos após a morte.
As personalidades sepultadas são:
Em 2011 fora solicitada a trasladação dos restos mortais de Passos Manuel (1801-1862), incontornável figura do ensino, da política portuguesa do século XIX e mentor, afinal, da criação de um Panteão Nacional para Portugal, que acabou por não ocorrer devido a restrições orçamentais. O mesmo aconteceu com o famoso compositor Marcos Portugal (1762-1830), pouco depois. Em 2014 a Assembleia da República comunicou oficialmente a sua intenção em trasladar o corpo de Sophia de Mello Breyner Andersen, (1919-2004) com a unanimidade de todos os grupos com assento parlamentar e com o apoio posterior da sua família. A cerimónia deverá ocorrer em abril ou julho deste mesmo ano.
O número de visitantes tem sido acima dos 50 mil:
Шаблон:AP O estatuto de Panteão Nacional foi reconhecido ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em Agosto de 2003, pela presença tumular dos dois primeiros reis de Portugal:
Esse estatuto, agora repartido, aplica-se aos dois monumentos, sendo que a designação de Panteão Nacional referente à Igreja de Santa Engrácia não deverá aplicar-se de forma absoluta.
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