Castelo dos Mouros (Sintra)

O Castelo de Sintra, popularmente conhecido como Castelo dos Mouros, localiza-se na vila de Sintra, freguesia de São Pedro de Penaferrim, concelho de Sintra, no distrito de Lisboa, em Portugal.

Erguido sobre um maciço rochoso, isolado num dos cumes da serra de Sintra, na Estremadura, do alto das suas muralhas descortina-se uma vista privilegiada de toda a sua envolvência rural que se estende até ao oceano Atlântico.

História

Antecedentes

Sobre esta toponímia, o historiador Pinho Leal referiu:

"A origem do nome veio de um templo erguido uns 308 anos antes de Cristo, por Gregos, Galo-celtas e Túrdulos, dedicado à Lua. Os Celtas chamavam a Lua de 'Cynthia' e quando os Árabes dominaram a região, por não pronunciar o 's', chamavam o local de 'Chintra' ou 'Zintira'." (In: PINHO LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa do. Portugal Antigo e Moderno (vol. 2). Lisboa: 1877. pp. 301 e segs.)

Quando da Invasão muçulmana da Península Ibérica, a partir do século VIII, a região de Sintra foi ocupada, tendo a sua povoação recebido o nome de "as-Shantara". Os estudiosos são acordes em afirmar que foram eles os responsáveis pela primitiva fortificação da penedia, entre o século VIII e o IX, com a finalidade de controlar estrategicamente as vias terrestres que ligavam Sintra a Mafra, Cascais e Lisboa.

Integrante dos domínios da taifa de Badajoz, no alvorecer do século XII, diante da ameaça representada pelas forças de Ali ibn Yusuf ibn Tashfin, que oriundas do Norte de África, haviam passado à península visando a conquista e reunificação dos domínios Almorávidas, o governante de Badajoz, Mutawaquil, entregou Sintra, juntamente com Santarém e Lisboa, na Primavera de 1093, ao rei Afonso VI de Leão e Castela, visando uma aliança defensiva, que não se sustentou. Envolvido com a defesa de seus próprios territórios, o soberano cristão não foi capaz de assistir o governante mouro, cujos territórios vieram a cair, no ano seguinte, diante dos invasores. Desse modo, Lisboa, Santarém e Sintra voltaram ao domínio muçulmano, agora sob os Almorávidas.

O castelo medieval

O destino de Sintra manteve-se associado ao de Lisboa, que viria a ser reconquistada pelas forças de Afonso VI, para voltar ao domínio muçulmano em 1095, até cair definitivamente, diante das forças de D. Afonso Henriques (1112-1185) em 1147. Visando o seu repovoamento e defesa, o soberano outorgou Carta de Foral a Sintra em 1154, quando terá determinado reparos nas suas defesas, dotando-a de um templo, a Igreja de São Pedro de Canaferrim.

O seu filho e sucessor, D. Sancho I (1185-1211) também dispensou cuidados ao castelo, remodelando e reforçando-lhe as defesas. Assim também procedeu, séculos mais tarde, D. Fernando I (1367-1383), tendo o castelo sido assediado por tropas de Castela. À época da crise de 1383-1385, era seu Alcaide-mor D. Henrique Manuel de Vilhena, que tomou o partido por D. Beatriz, somente entregando este castelo forte e muito alto e fragoso que lhe fora confiado após a vitória de João I de Portugal na batalha de Aljubarrota (LOPES, Fernão. Crónica de D. João I).

Posteriormente, diversos soberanos portugueses elegeram Sintra para sua estadia, demorando-se no "Paço Régio", construído para esse fim e sucessivamente ampliado e melhorado ao longo dos séculos (Palácio Nacional de Sintra), tendo a povoação se desenvolvido em torno deste novo núcleo. O castelo manteve-se, por essa razão em segundo plano, entrando em decadência, principalmente após o século XV, face à expulsão dos judeus do país, então os seus únicos habitantes. No século XVI encontrava-se desabitado. A queda de um raio causou-lhe danos à Torre de Menagem (1636), danos grandemente aumentados pelo terramoto de 1755.

Do século XIX aos nossos dias

No século XIX, sob o segundo reinado de D. Maria II (1834-1853), o seu consorte, Fernando II, sob o impulso de redescoberta da Idade Média proporcionado pelo Romantismo, tomou, em 1839, o antigo castelo por aforamento à Câmara Municipal de Sintra pela quantia anual de 210 Réis, promovendo-lhe amplas obras de reconstrução que, embora de caráter amador, tiveram o mérito de sustar o avançado estado de degradação em que a estrutura se encontrava. Ao gosto imaginativo da época foram adicionados locais de contemplação, caminhos de acesso e vegetação abundante, transformando-o em uma atração turística.

O Castelo dos Mouros e a cisterna encontram-se classificados como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910. A intervenção do poder público português no monumento iniciou-se em 1939, com a reconstrução de troços das muralhas. Após intervenções menores (1954, 1965), em 1986 procederam-se trabalhos de limpeza e reconstrução de alvenarias, degraus e ameias em várias zonas do castelo, repetindo-se os trabalhos de limpeza das muralhas em nova campanha, em 1992.

O conjunto de Sintra foi classificado como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1995.

Desde Setembro de 2000 o monumento vem sendo gerido pela empresa Parques de Sintra - Monte da Lua S/A.

Características

O monumento apresenta planta orgânica (adaptada ao terreno) com cerca de 450 metros de perímetro e 12.000 m² de área.

Muralhas

As suas muralhas são constituídas por uma cintura dupla, exterior e interior. A Leste ainda são visíveis troços da muralha exterior, onde se localiza a porta em rodízio de acesso ao recinto. O topo da muralha interna, ameada, é percorrido por adarve, sendo reforçada por diversas torres.

As muralhas foram executadas segundo a técnica da soga e tissão que se pode ainda observar no seu lanço melhor conservado. Faixas silhares com aproximadamente 30–40 cm de altura, estão colocadas alternadamente em largura e comprimento. Estas são intervaladas por curtas e estreitas faixas de pedras inseridas em argamassa. Esta técnica altera-se acima dos 4–5 m de altura, onde se passa a registar uma menor qualidade, fruto de uma segunda fase de construção. Num outro trecho das muralhas é visível a área de união entre as diferentes técnicas utilizadas, herança das diferentes fases de intervenção.

Além das muralhas ameadas, torres e adarves, o conjunto é completado por diversas rampas e escadarias de acesso.

Um outro elemento digno de nota é a porta árabe em arco em ferradura.

Torres

A muralha apresenta cinco torres: quatro de planta rectangular e uma de planta circular encimadas por piramidais, já sem vestígio dos dois pisos e do sistema de cobertura primitivos.

A torre na cota mais elevada do terreno, conhecida também por Torre Real, é acedida através de uma escadaria de 500 degraus e consta que lá terá vivido Bernardim Ribeiro, escritor português do século XVI.

Capela

No interior do castelo, próximo ao Portão de Armas, ergue-se uma igreja devotada a São Pedro (São Pedro de Penaferrim), que remonta à época de D. Afonso Henriques. Em estilo românico, apresenta planta longitudinal e nave única sem cobertura. A capela-mor com abóbada de berço é de planta rectangular e apresenta vestígios de frescos. A igreja tem dois portais, um de arco pleno de dupla volta assente em colunelos de capitéis decorados e outro com arco duplo apoiado em colunas semelhantes às referidas anteriormente com capitéis com motivos fitomórficos. Escavações na capela trouxeram à luz a existência de diversos túmulos de uma antiga necrópole medieval.

Cisterna

Contígua à Igreja de São Pedro de Penaferim, destaca-se uma cisterna de grande capacidade, que remonta ao período islâmico. Em seu interior abobadado brota a nascente que abastecia o Palácio Nacional de Sintra.

Acesso

Acede-se ao monumento, visível já da vila de Sintra, subindo a Rampa da Pena, um caminho sinuoso que corre pelo interior da serra. Este espaço foi sendo, ao longo dos séculos, não só ocupado por obras de valor artístico e histórico como também pelos mais variados espécimes botânicos, muitos deles de carácter raro e exótico.

A lenda de Melides

Após a conquista de Santarém, o rei D. Afonso Henriques impôs um cerco a Lisboa, que se estendeu por três meses. Embora o Castelo de Sintra tenha se entregue voluntariamente após a queda de Lisboa, reza a lenda que, nessa ocasião, receoso de um ataque de surpresa às suas forças, por parte dos mouros de Sintra, o soberano incumbiu D. Gil, um cavaleiro templário, que formasse um grupo com vinte homens da mais estrita confiança, para secretamente ali irem observar o movimento inimigo, prevenindo-se ao mesmo tempo de um deslocamento dos mouros de Lisboa, via Cascais, pelo rio Tejo até Sintra. Os cruzados colocaram-se a caminho sigilosamente. Para evitar serem avistados, viajaram de noite, ocultando-se de dia, pelo caminho de Torres Vedras até Santa Cruz, pela costa até Colares, buscando ainda evitar Albernoz, um temido chefe mouro de Colares, que possuia fama de matador de cristãos. Entre Colares e o Penedo, Nossa Senhora apareceu aos receosos cavaleiros e lhes disse: "Não tenhais medo porque ides vinte mas ides mil, mil ides porque ides vinte."

Desse modo, cheios de coragem porque a Senhora estava com eles, ao final de cinco dias de percurso confrontaram o inimigo, derrotando-o e conquistando o Castelo dos Mouros. Em homenagem a este feito foi erguida a Capela de Nossa Senhora de Melides ("mil ides").

Bibliografia

  • GIL, Júlio; CABRITA, Augusto. Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal (4ª ed.). Lisboa; São Paulo: Editorial Verbo, 1996. 309p. fotos, mapas. ISBN 972-22-1135-8
  • NORTH, C. T.. Guia dos castelos antigos de Portugal (v. I: Norte do rio Tejo). Lisboa: Bertrand Editora, 2002. 244p. fotos, mapas. ISBN 972-25-1264-1

Ver também

Ligações externas

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Dicas e Sugestões
The Ritz-Carlton
29 de july de 2015
An 8th century castle that was partially rebuilt in the 19th century. It includes a ruined chapel and a Moorish cistern. See one of Portugal's medieval treasures and take in the views.
Geert Smets
27 de july de 2015
Beautiful ruins of an ancient moorish castle in Sintra. Entrance fee is not cheap but the views over the surroundings and Palácio da Pena are stunning and well worth the price.
Xinnie
6 de janeiro de 2018
If you’re doing a Sintra day trip, I would recommend Moorish castle and the Pena Palace. Can buy your tickets online in advance for a slight discount too. View from it is breathtaking.
Anna C
15 de june de 2019
absolute worth the trip and hike up to the castle top! although this may not be the best for any who are scared of heights as you feel as high as the clouds up there
cellwall
5 de november de 2017
10 mins downhill walk from the palace of Pena. it's amazing to take a walk along the wall of the castle. you can also take the picture of the Pena from here.
Andrea Tanzi
14 de november de 2016
Loved it! To really see the nooks and crannies of the Sintra parks you need true stamina and Moorish Castle is not for the faint of heart. I had vertigo but fought through it. It's exhilarating!
8.8/10
Vadim Patsev, Oleg e 56 506 mais pessoas estiveram aqui
Mapa
Estrada da Pena 8-20, 2710 Sintra, Portugal Obter instruções
Mon-Sun 9:30 AM–7:00 PM

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