O Castelo de Buda (em húngaro Budai Vár; em turco Budin Kalesi) é o castelo histórico dos reis da Hungria em Budapeste, Hungria. No passado também foi chamado de Palácio Real (em húngaro Királyi-palota) e Castelo Real (em húngaro Királyi Vár).
à noite.]]
O Castelo de Buda foi construído na encosta sul da Colina do Castelo, próximo do velho Bairro do Castelo (em húngaro Várnegyed), o qual é famoso pelas suas casas e edifícios públicos medievais, barrocos e oitocentistas. O castelo está ligado à Praça Adam Clark e à Ponte Széchenyi Lánchíd pelo Funicular da Colina do Castelo.
O Castelo de Buda foi classificado pela UNESCO, em 1987, como Património da Humanidade, integrado no sítio Budapeste, com as Margens do Danúbio, o Bairro do Castelo de Buda e a Avenida Andrássy.
A primeira residência a surgir na Colina do Castelo foi construída pelo Rei Bela IV da Hungria entre 1247 e 1265. Não existem evidências arqueológicas sobre esta residência, pelo que permanece desconhecido se esta se erguia na encosta sul da colina ou na elevação norte próxima do Kammerhof.
durante a Idade Média. Ilustração extraída das Crónicas de Hartmann Schedel ]]
A parte mais antiga do actual palácio foi construída no século XIV pelo Príncipe Estevão, Duque da Eslavónia, o irmão mais novo do Rei Luís I da Hungria. Apenas restam as fundações da Torre de Estevão (em húngaro: István-torony). O palácio gótico do Rei Luís I foi organizado em torno de um pátio apertado próximo da Torre de Estevão.
O rei Sigismundo Luxemburgo da Hungria (em húngaro: Luxemburgi Zsigmond), ampliou grandemente o palácio. Sigismundo, como Sacro Imperador Romano-Germânico, necessitava de uma magnífica residência real para expressar a sua primazia entre os governantes da Europa. O Castelo de Buda foi a principal residência do Imperador, pelo que durante o seu longo reinado o palácio se tornou, provavelmente, no maior palácio gótico do fim da Idade Média. Buda também era um importante centro artístico do estilo gótico internacional.
Os trabalhos de construção começaram na década de 1410 e foram terminados em grande parte na década de 1420, embora alguns trabalhos de menor importância tenham continuado até à morte do Rei.
A parte mais importante do palácio de Sigismundo era a ala norte, chamada de "Palácio Fresco" (em hungaro: Friss-palota). No topo deste edifício existia uma gigantesca galeria (70 m. x 20 m.) com um tecto de madeira entalhada e grandes janelas e varandas com vista para a cidade de Buda. Este salão era chamado de "Galeria Romana". A fachada do palácio estava decorada com estátuas e brasões. O palácio foi mencionado pela primeira vez em 1437 sob o nome de "fricz palotha".
- zwinger medieval.]]
Sigismundo também reforçou as fortificações em volta do palácio. A parte sul da residência real foi rodeada com estreitas zwingers. Duas muralhas paralelas, as chamadas "muralhas cortina", descem do palácio ao Rio Danúbio ao longo da colina escarpada. A estrutura mais imponente, a famosa "Torre Quebrada" (em húngaro: Csonka-torony), no lado oeste do cour d'honneur (pátio de hontra) permanece inacabada. A base da torre foi usada como prisão, enquanto que os andares superiores serviram, provavelmente, como tesouro das jóias Reais.
Em frente ao palácio ergue-se a estátua equestre de Sigismundo, mais tarde reparada pelo rei Matias Corvino.
A última fase de actividade de construções em grande escala aconteceu na época do Rei Matias Corvino. Durante as primeiras décadas do seu reinado o monarca empreendeu e terminou os trabalhos no palácio gótico. A Capela Real - com a sobrevivente Igreja Baixa - foi provavelmente construída nesta época.
Depois do casamento de Matias e Beatriz de Aragão, a filha do rei de Nápoles, em 1476, humanistas italianos, artistas e artesãos chegaram a Buda. A capital húngara tornou-se no primeiro centro do Renascimento a norte dos Alpes. O Rei reconstruiu o palácio no estilo renascentista inicial. O cour d'honneur foi modernizado e uma loggia (galeria aberta) italiana foi acrescentada. Dentro do palácio foram criadas duas salas com tectos dourados, a famosa Biblioteca Corvina e uma passagem com os 12 signos do Zodíaco pintados a fresco. A fachada do palácio foi decorada com as estátuas de João Corvino, László Hunyadi e do próprio Rei Matias. No meio do pátio existia uma fonte com a estátua de Palas Atená.
Restam apenas fragmentos do palácio renascentista: balaustradas em mármore encarnado, lintéis, ladrilhos decorativos vidrados de fogões e pavimentos.
Nos últimos anos do seu reinado, Matias Corvino começou a construir um novo palácio renascentista no lado este do Pátio de Sigismundo, a seguir ao Palácio Fresco. O Palácio de Matias permaneceu inacabado devido à morte prematura do Rei. A partir de fontes escritas sabemos que este tinha uma monumental escadaria em mármore encarnado em frente da fachada. Os portões de bronze foram decorados com painéis representando as façanhas de Hércules. Matias Corvino era habitualmente identificado com Hércules pelos humanistas da sua Corte. Uma grande estátua de bronze do herói grego dava as boas-vindas aos convidados no pátio do complexo palaciano onde as justas eram disputadas.
Os jardins murados do palácio foram dispostos nas encostas ocidentais da Colina do Castelo. No meio da área cercada foi construída uma villa renascentista por Matias. Apenas sobreviveu uma coluna da chamada "Aula Marmorea".
Depois da morte de Matias Corvino, o seu sucessor, Vladislau II, continuou as obras no Palácio de Matias, especialmente depois do seu casamento com Anne de Foix-Candale, em 1502.
Depois da Batalha de Mohács, o medieval Reino da Hungria colapsou. O exército Otomano ocupou a cidade evacuada no dia 11 de Setembro de 1526. Embora Buda tenha sido saqueada e incendiada, o palácio Real não foi danificado. O Sultão Solimão, o Magnífico levou todas as estátuas de bronze (a Hunyadis, Palas Atená e Hércules) consigo para Constantinopla. As estátuas foram destruídas ali, durante uma rebelião, alguns anos mais tarde. O Sultão também se apossou de muitos volumes da famosa biblioteca de Corvino.
Em 1529, o exército otomano cercou e ocupou Buda novamente. O palácio, desta vez, foi bastante danificado. Durante o reinado do Rei João Zápolya), o último governante de nacionalidade húngara, o palácio foi reparado pela última vez. Na encosta sul da Colina do Castelo foi construída a "Grande Arruela" por engenheiros militares italianos. O bastião circular é a mais imponente estrutura sobrevivente do velho palácio.
No dia 29 de Agosto de 1541, Buda foi ocupada uma vez mais pelos otomanos sem qualquer resistência. A capital húngara tornou-se parte do Império Otomano como sede do Eyalet de Budin.
Apesar de viajantes turcos terem escrito entusiasticamente sobre a beleza do palácio dos Reis húngaros, o novo governo otomano deixou o edifício entrar em decadência. Foi usado parcialmente como aquartelamento, local de armazenamento e estábulos, não desempenhando qualquer das nobres funções para as quais foi construído.
O palácio, nesta época, foi chamado pelos turcos de Iç Kala ("Castelo Interior") e Hisar Peçe ("Cidadela"). O nome do cour d'honneur era Seray meydani. O epíteto favorito para o complexo era "Palácio das Maçãs Douradas".
No período compreendido entre 1541 e 1686, os Habsburgo tentaram recuperar Buda várias vezes. Cercos mal sucedidos efectuados em 1542, 1598, 1603 e 1684 causaram sérios danos. As autoridades otomanas repararam apenas as fortificações.
De acordo com fontes do século XVII, muitos dos edifícios do antigo Palácio Real ficaram sem telhado, tendo as suas abóbadas colapsado. Apesar de tudo, grande parte do palácio medieval sobreviveu até ao grande cerco de 1686.
O palácio medieval foi destruído durante o grande cerco de 1686, quando Buda foi capturada pelas forças cristãs aliadas. No pesado bombardeamento de artilharia muitos dos edifícios colapsaram e arderam. A Torre de Estevão, usada como paiol de pólvora pelos otomanos, explodiu. De acordo com fontes contemporâneas, a gigantesca explosão matou 1500 soldados turcos e causou um maremoto no Rio Danúbio, o qual varreu guardas e baterias de artilharia estacionados na margem oposta. Isto foi causado por um único tiro de canhão disparado por um monge chamado Gábor, também referido como Tüzes Gábor, isto é, "Monge Gabriel".
Os engenheiros militares dos Habsburgo traçaram vários planos e desenhos acerca dos edifícios al longo das décadas seguintes. Apesar de as paredes terem sobrevivido em grande parte, a estrutura ardida entrou rapidamente em decadência devido à falta de manutenção básica. Entre 1702 e 1715, a Torre Estevão desapareceu totalmente, e o palácio ficou sem reparação possível.
Em 1715, o Rei Carlos III ordenou a demolição das ruínas. Johann Hölbling avaliou as estruturas ainda existentes. De acordo com a ordem Real, as estátuas de mármore, antiguidades, inscrições e moedas sobreviventes foram poupadas (não existem evidências da realização do decreto Real). A maior parte do palácio e da Torre Quebrada foi totalmente demolida, as concavidades e fossos foram preenchidos, e um novo terraço plano foi estabelecido. Felizmente, as fortificações, zwingers e salas da parte sul ficaram apenas enterradas sob toneladas de entulho e terra.
Em 1715 foi construído um pequeno palácio barroca de acordo com os planos de Johann Hölbling. Este edifício rectangular muito simples possuía um pátio interior e uma curta ala lateral, a qual foi mais tarde demolida. O palácio idealizado por Hölbling era idêntico ao coração do actual palácio, isto é, o Pátio Barroco do Museu Histórico de Budapeste.
O interior do palácio permaneceu por concluir e, em 1719, os trabalhos de construção pararam. O Hofkriegsrat encarregou Fortunato di Prati de traçar vários planos para o palácio, mas a falta de dinheiro impediram a sua implementação.
Em 1723 o palácio ardeu acidentalmente, tendo as suas janelas sido emparedadas como forma de impedir a futura deterioração do edifício. Vários desenhos das décadas de 1730 e 1740 mostram a carcaça inacabada e decadente do simples bloco de dois andares. Algumas gravuras exibem uma idealização do edifício, uma versão acabada que nunca existiu. Em algum momento por volta de 1730 os telhados foram reparados.
Em 1748, o Conde Antal Grassalkovich, Presidente da Câmara Húngara, apelou ao povo para que se terminasse o abandonado palácio por meio de subscrição pública. O palatino János Pálffy também fez um chamado aos condados e às cidades para acudirem ao projecto. O momento era favorável, uma vez que relações entre a nobreza húngara e os Habsburgo eram excepcionalmente boas. Os húngaros haviam apoiado a Rainha Maria Teresa da Áustria nas grandes necessidades da Guerra da Sucessão Austríaca. A Rainha ficou agradecida, e o novo Palácio Real tornou-se no símbolo de paz e amizade entre a dinastia e a nação.
Os planos do explêndido palácio barroco em forma de U, com um cour d'honneur, foram desenhados por Jean Nicolas Jadot, arquitecto chefe da Corte de Viena. Depois de 1753 os planos foram modificados pelo seu sucessor, Nicolaus Pacassi. O mestre construtor Ignác Oraschek, que dirigiu as obras entretanto, também modificou os planos de acordo com as suas próprias ideias. A simbólica primeira pedra do palácio foi colocada no dia 13 de Maio de 1749, a data de aniversário da Rainha. As obras continuaram a bom ritmo até 1758, quando dificuldades financeiras causaram uma pausa de sete anos. Por essa época só os interiores foram deixados por concluir.
De acordo com documentos históricos sobreviventes, o esquema do palácio seguiu os planos assinados por Jadot a partir de 1749. As fachadas, alguns elementos interiores e a Capela de São Sigismundo são obra de Pacassi, enquanto as falsas abóbadas duplas foram, provavelmente, planeadas por Oraschek, antigo mestre construtor do Conde Grassalkovich. As falsas abóbadas duplas foram elementos típicos dos chamados castelos barrocos de tipo Grassalkovich, como é o caso do Palácio de Gödöllő. Este elemento especial foi mais tarde removido do palácio de Buda.
Em 1764, a Rainha visitou o palácio e permitiu o gasto de 20.000 talers anuais com o projecto. O trabalho foi recomeçado em 1765 de acordo com os planos de Franz Anton Hillebrandt. Hillebrand alterou a fachada da ala central no cour d'honneur ao estilo Rococó. Em 1769, a Capela de São Sigismundo foi consagrada, e no mesmo ano o palácio foi concluído. De acordo com o relato agregado de Grassalkovich, os custos ascenderam a 402.679 florins.
A futura função do complexo era incerta. Era óbvio que a Rainha não tinha intenção de utilizá-lo como residência uma vez que passava pouco tempo em Buda. Em 1769, Maria Teresa deu uma das alas às Irmãs de Loreto, de Sankt Pölten, conhecidas como Englische Fräulein ou angolkisasszonyok. O edifício foi oficialmente entregue no dia 13 de Maio de 1770 mas as explêndidas salas barrocas eram absolutamente inadequadas para um mosteiro.
Em 1777 a Rainha decidiu que a Universidade de Nagyszombat devia mudar-se para Buda. As freiras mudaram-se do palácio e este foi apressadamente adaptado ao seu propósito educativo. Os trabalhos foram dirigidos por Farkas Kempelen. Foram construidas novas salas de aula, gabinetes de professores, museus, biblioteca e uma tipografia universitária. Na parte frontal foi removida a falsa abóbada para erigir no seu lugar uma torre de observações com quatro andares, planeada por Hillebrandt ou Karl Georg Zillack.
O corte de fita cerimonial teve lugar no dia 25 de Junho de 1780, data do 40º aniversário de coroação da Rainha. A sala do trono tornou-se numa explêndida aula decorada com frescos representando as quatro faculdades. Em 1953 foram descobertos dois frescos grisaille nos lados mais curtos da sala.
Em 1778, Hillebrandt construiu uma nova capela para a Sagrada Direita de Santo Estêvão da Hungria, a mumificada mão direita do primeiro Rei húngaro recuperada pela Rainha Maria Teresa à República de Ragusa em 1771. A Capela da Sagrada Direita estava situada junto à Capela de Sigismundo, no meio do pátio interno. A sua forma exterior era octogonal e a interior oval, sendo coroada por uma cúpula. O retábulo foi pintado por Joseph Hauzinger.
Os problemas funcionais da universidade permaneceram basicamente por resolver, pelo que em 1783 as faculdades foram mudadas para Peste. Em 1791 o palácio tornou-se residência do novo Paladino Habsburgo do Reino da Hungria, o Arquiduque Alexandre Leopoldo. Depois da morte prematura do palatino, em 1795, o seu irmão mais novo, o Arquiduque José, sucedeu-o. O último palatino da Hungria foi o Arquiduque Estevão, no poder entre 1847 e 1848. A Corte palatina do Castelo de Buda era o centro da vida elegante e da alta sociedade na capital húngara.
Em 1810 o palácio palatino foi danificado por um incêndio. Nas décadas seguintes foram feitos vários planos para elevar o edifício com um andar superior, mas estes nunca foram executados, embora a torre de observação, a qual impedia as obras, tenha sido removida. Em 1838 a cripta da Capela de São Sigismundo foi reconstruída de acordo com planos de Franz Hüppmann. A Cripta Palatina serviu de local de sepultura para o Palatino José e sua família. A cripta foi a única parte do palácio que sobreviveu à destruição causada pela Segunda Guerra Mundial.
O Palatino José criou jardins nas encostas sul e este da Colina do Castelo de acordo com planos de Antal Tost. Os jardins do Castelo de Buda encontravam-se entre os mais famosos jardins paisagísticos ao estilo inglês da Hungria.
O Palatino Estevão, finalmente, deixou o palácio no dia 23 de Setembro de 1848, quando o rompimento entre o governo liberal húngaro e a dinastia se tornou inevitável.
No dia 5 de Janeiro de 1849, Buda foi ocupada pelo exército austríaco comandado pelo Príncipe Alfred zu Windischgrätz. O comandante chefe ficou alojado no palácio. No dia 4 de Maio do mesmo ano, o exército húngaro de Artúr Görgey montou cerco ao Castelo de Buda, defendido pelo General Heinrich Hentzi. No dia 20 de Maio, os húngaros capturaram Buda com um grande assalto. O palácio foi o último baluarte das tropas austríacas e tornou-se num lugar de luta com artilharia pesada. O fogo resultante consumiu as alas central e sul, as quais arderam completamente, sendo os seus interiores destruídos.
O palácio foi rapidamente reconstruído entre 1850 e 1856 por Josef Weiss e Carl Neuwirth. A ala central de 13 secções foi erguida com um terceiro andar e uma torre-ático muito atarracada. O corpo avançado central foi decorado com uma varanda de seis colossais colunas. Com estas alterações o velho palácio barroco vienense de Maria Teresa tornou-se num edifício barroco neoclássico mais austero.
O salão de baile foi redecorado com mármores e estuques. Depois de 1853 foram desenhadas salas de aparato em estilo rococó francês, decoradas com estuques branco-dourados e mobília vinda do Hofburg.
Nessa época o palácio era demasiado pequeno para as necessidades da Corte Real, pelo que as cozinhas e as áreas de serviço foram instaladas na vizinha Zeughaus. O palácio ficou ligado à Zeughaus por uma passagem envidraçada.
No lado oeste do cour d'honneur foram erguidos dois pequenos edifícios, segundo planos de Weiss e Neuwirth, em 1854. O Stöckl de dois andares acolheu os aposentos dos Arquiduques e dos oficiais imperiais. O Wachlokal foi construído para os guardas Reais.
O Imperador Francisco José I da Áustria visitou o Castelo de Buda em 1856 e 1857. Mais tarde, em 1867, depois do Ausgleich (compromisso austro-húngaro de 1867), Francisco José foi coroado como Rei da Hungria. O palácio desempenhou um importante papel na opulenta cerimónia, simbolizando, uma vez mais, a paz entre a dinastia e a nação.
Nas últimas décadas do século XIX, Budapeste experimentou um rápido desenvolvimento económico. Ambiciosos projectos de planeamento urbano foram executados para expressar a riqueza crescente e o alto estatuto da capital húngara. Entre estes projectos foi prestada especial atenção ao Castelo de Buda. O governo autónomo húngaro pretendia criar um palácio Real comparável a qualquer famosa residência Real da Europa (especialmente o velho rival vienense, o Hofburg). O processo de reconstrução durou cerca de quarenta anos, entre 1875 e 1912, causando mudanças abrangentes sweeping na topografia de toda a área.
Em primeiro lugar foi construído o Várkert-bazár (Real Pavilhão de Jardim) no cais do Danúbio, aos pés da Colina do Castelo, entre 1875 e 1882. Esta esplêndida entrada neo-renascentista foi desenhada por Miklós Ybl, o mais famoso arquitecto húngaro daquele período. A estrutura era constituída por uma arcada aberta com pavilhões, escadarias e rampas, além de dois blocos de apartamentos. Ybl também construíu uma nova estação de bombeamento para o sistema de fornecimento de água, chamada de Várkert-kioszk (Real Quiosque de Jardim) e duas torres de degraus erguidas contra o pano de muralhas medieval. A torre sul seguiu o estilo renascentista francês, lembrando um pequeno castelo torreado, enquanto que a do lado norte era semelhante a uma torre de menagem gótica em tijolo. Destes trabalhos, apenas o Várkert-bazár e o Várkert-kioszk sobreviveram às destruíções do século XX.
Em 1882, o Primeiro-Ministro Kálmán Tisza encarregou Ybl de desenhar um plano mestre para reconstruir o palácio. No seu plano de 1885, Ybl preservou o velho palácio barroco, mas espelhou-o no lado oeste do cour d'honneur, dobrando o tamanho da residência. Também planeou uma nova via de acesso na encosta oeste, o que implicou a demolição das muralhas e torres medievais do terraço Újvilág-kert. O problema principal foi causado pela estreiteza do planalto natural da Colina do Castelo, uma vez que não existia espaço suficiente para a nova ala Krisztinaváros (assim chamada devido ao vizinho bairro urbano). Ybl resolveu o problema erguendo uma gigantesca base que desce até ao sopé da colina. A monumental fachada oeste assenta nesta estrutura, com três andares desprovidos de janelas, pelo que todo o palácio constitui um imponente bloco de 6+3 andares que quase absorve a totalidade da colina. Por outro lado, a fachada principal no cour d'honneur possui apenas a mesma modesta altura do palácio barroco. Toda a fachada foi revestida comlajes de pedra enquanto que as partes velhas foram estucadas, pelo que a diferença entre o barroco original e as alas neo-renascentistas é óbvia. O originalmente aberto cour d'honneur tornou-se num pátio fechado com uma esplêndida entrada arcada guardada por quatro leões do escultor János Fadrusz. O pátio é chamado de Oroszlános udvar (Pátio dos Leões).
As obras começaram no dia 1 de Maio de 1890 mas Ybl morreu no dia 22 de Janeiro de 1891. O seu sucessor, Alajos Hauszmann, modificou apenas levemente os planos da ala Krisztinaváros. Em 1896, o edifício alcançou o nível do pátio e o Rei Francisco José colocou cerimonialmente a pedra de fundaçãodo palácio que seria concluido em breve.
Em 1893, o jubileu dos 25 anos da coroação do Rei Francisco José foi celebrado no Palácio Real. A velha galeria de banquetes provou ser demasiado pequena, pelo que Hauszmann alargou a sala, derrubando a parede voltada para o cour d'honneur.
Apesar destas alterações e da nova ala de Ybl, o palácio ainda era considerado insuficiente para as grandes celebrações Reais, pelo que começou uma nova construção. A ala norte, erguida no lugar da velha Zeughaus, foi completamente desenhada por Hauszmann. O arquitecto duplicou o palácio barroco no lado do Danúbio, imitando genericamente o seu estilo arquitectónico tradicional. No ponto de encontro das alas nova e velha foi erguido um gigantesco pórtico colunado com um tímpano ricamente decorado (estátuas alegóricas por Károly Sennyey) e um lanço de escadas chamados de "degraus Habsburgo". O conjunto do palácio foi coroado por uma cúpula com a cópia da Coroa de São Estevão no seu topo. A cúpula mostra influências do alemão Jugendstil, tal como outros detalhes da ala norte, por exemplo a fachada traseira em direcção ao pátio oeste. Este pátio foi decorado com a famosa Fonte Martias (em húngaro: Mátyás-kút), um trabalho do escultor Alajos Stróbl. Por cima do portão principal em direcção a Szent György tér ergue-se a estátua da Deusa Hungaria. Este lado serviu de principal fachada ao complexo embora seja muito mais curta e menos característica que a longa fachada voltada ao Danúbio. A velha Capela da Sagrada Direita foi derrubada para dar lugar a uma passagem.
Hauszmann também desenhou uma nova Escola de Equitação no antigo terraço Újvilág, o qual passou a ser chamado de pátio Csikós devido à estátua de György Vastagh (agora é o pátio oeste). Frente ao meio da longa fachada do Danúbio foi erguida uma outra estátua equestre em honra do Príncipe Eugénio de Sabóia, o líder vitorioso do exército Habsburgo na Batalha de Zenta. O pátio este foi encerrado por um luxuoso gradeamento em ferro forjado. Dois lanços de escadas levam ao Szent György tér, situado num plano muito mais elevado. O gradeamento termina num pilar coroado por uma monumental estátua do lendário Turul, o pássaro sagrado dos Magiares, expandindo as suas asas sobre Budapeste.
No pátio oeste Hauszmann desenhou uma nova casa da guarda neobarroca e reconstruiu os velhos Estábulos Reais. Os Jardins Reais na encosta sul tiveram fama devido às suas plantas preciosas, casas de vidro e terraços pitorescos. No meios dos jardin sergue-se a "Casa Suíça da Rainha Isabel", mobilada com objectos de arte folclórica húngara. A casa foi construída sobre as ruínas da portaria medieval, fazendo uso parcial delas.
O interior de todo o complexo palaciano foi decorado e mobilado exclusivamente com obras dos mais imortantes artistas húngaros da época. O Palácio Real foi oficialmente inaugurado em 1912. Críticos contemporâneos elogiaram-no como o mais notório edifício húngaro da viragem do século. De facto, era uma magnífica Gesamtkunstwerk de arquitectura, escultura, artes aplicadas e jardinagem.
O palácio conctruído por Hauszmann existiu apenas durante três décadas. Depois da revolução de 1918 e da desentronização da Dinastia Habsburgo, o Palácio Real tornou-se na sede do novo regente do Reino da Hungria, Miklós Horthy. Horthy viveu na ala Krisztinaváros, com a sua família, entre 1920 e 1944. Durante esse período, o palácio foi o centro da vida política e social da Hungria. As festas de jardim do regente eram eventos especialmente fabulosos. Entre os hóspedes famosos recebidos no palácio por Horthy contam-se o Rei Vítor Emanuel III da Itália, em 1937 e o Cardeal Eugenio Pacelli (futuro Papa Pio XII), em 1938.
No dia 15 de Outubro de 1944, Horthy fez uma tentativa de sair da guerra. No dia seguinte, um comando germânico liderado por Otto Skorzeny ocupou o Palácio Real e forçou o Regente a abdicar.
O Castelo de Buda foi o último importante baluarte de Budapeste detido pelas forças do Eixo (alemãs e húngaras) durante o cerco de Budapeste, entre 29 de Dezembro de 1944 e 13 de Fevereiro de 1945. Os defensores do castelo tentaram, finalmente, quebrar o bloqueio soviético no dia 11 de Fevereiro, mas falharam totalmente, deixando 90% dos soldados mortos nas ruas de Buda. Alegadamente, os russos sabiam dos seus planos e, com algumas horas de antecedência, apontaram armas pesadas aos possíveis caminhos de fuga. Este acontecimento é considerado como uma das maiores catástrofes militares da história húngara.
Combates duros e fogo de artilharia deixaram o palácio, uma vez mais, num monte de ruínas. Todo o mobiliário desapareceu, telhados e abóbadas colapsaram, e as alas sul e oeste arderam. A destruição só pode ser comparada com a resultante do grande cerco de 1686.
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Imediatamente depois da guerra, teve início uma campanha de pesquisa arqueológica para desenterrar os restos do castelo medieval. A pesquisa liderada por László Gerő (1946-1966) e László Zolnay (1967-1979) foi provavelmente a maior escavação a um castelo no Europa. Os antigos Jardins Reais, com as suas escadarias da viragem do século, pavilhões e casas de vidro tiveram que ser sacrificados, mas os resultados foram compensadores. Constatou-se que importantes partes do antigo palácio de Sigismundo e Matias sobreviveram sob o extenso nível de terra.
O primeiro plano de reconstrução dos restos medievais foi escrito por László Gerő em 1950 e finalizado em 1952. Os trabalhos de reconstrução foram concluídos em 1966. Contrariamente aos principios de reconstrução histórica geralmente aceite, o sistema de fortificação medieval foi plenamente reconstruído. Elementos importantes como a Grande Arruela do século XVI e a portaria medieval, a Torre Bastão, as muralhas e os zwingers foram reconstruídos de acordo com os resultados da pesquisa arqueológica e evidência pictórica contemporânea. A rebaixada ala sul do palácio gótico também foi reconstruída juntamente com a Galeria Gótica abobadada e a Igreja Baixa da antiga Capela Real. Nos zwingers foram plantados jardins em estilo medieval. As fundações da Torre Estevão também foram desenterradas,mas por falta de evidências arqueológicas suficientes a torre não foi reconstruída. Os restos da Torre Quebrada foram novamente cobertos com terra.
A reconstrução em grande escala das fortificações medievais alteraram substancialmente a paisagem urbana de Budapeste. É considerado um projecto altamente bem sucedido, tendo conseguido conciliar a autenticidade histórica com as exigências do planeamento urbano.
Na década de 1970, a pesquisa arqueológica continuou nos lados norte e oeste do palácio, liderada por László Zolnay. Isto produziu importantes achados, incluindo as famosas Estátuas do Palácio de Buda do gótico tardio. Por outro lado, os métodos mais conservativos na reconstrução não produziram resultados tão harmoniosos como a aproximação mais inovadora de Gerő, empreendida uma década mais cedo. Os restos foram apenas conservados, com excepção da chamada "Torre Karakash Pasha" no Jardim Újvilág. A torre da era turca tinha sido demolida apenas no final do século XIX. Evidências fotográficas tornaram possível a sua reconstrução, mas a torre moderna não é mais que uma cópia moderna da torre original, pelo que os detalhes não são autênticos.
visto da Ponte Isabel.]]
O destino do arruinado palácio neobarroco foi diferente. Nos primeiros anos do pós-guerra nada aconteceu. O governo só tomou uma decisão quanto à reconstrução em 1948. De acordo com fotografias contemporâneas, todos os interiores importantes estavam num estado de grande degradação, mas o seu restauro era tecnicamente possível. O novo governo comunista da Hungria considerava o Palácio Real um símbolo do antigo regime. Uma ideia semelhante a esta fez com que os líderes da RDA ordenassem a demolição do Berliner Stadtschloss, em Berlim. Os líderes húngaros, no entanto, não foram tão radicais, optando apenas por modernizar exaustivamente o interior e exterior do palácio. As correntes arquitectónicas também tiveram um papel na decisão, pois os arquitectos modernistas da época condenavam o estilo de Hauszmann por ser "demasiado ornado".
Durante a década de 1950, o palácio foi esventrado e todos os interiores destruídos. Importantes detalhes do exterior foram demolidos, como a entrada principal, os Degraus Habsburgo, a cúpula, os Estábulos Reais, a Casa da Guarda e a Escola de Equitação. As fachadas restantes foram simplificadas. No Pátio dos Leões, os portões ornados dos Degraus do Rei e dos Degraus dos Diplomatas foram demolidos. A entrada da Igreja do Castelo desapareceu juntamente com a própria igreja. Os detalhados telhados neobarrocos também foram simplificados e novas janelas planas foram instaladas. O grupo escultórico do tímpano foi destruído.
Os interiores do Castelo de Buda foram totalmente destruídos durante a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução do pós-guerra (excepto a Cripta Palatina). Existem muito poucos dados sobre os interiores das épocas medieval e barroca. O palácio da viragem do século foi meticulosamente registado com descrições detalhadas, documentação fotográfica e plantas. O próprio arquitecto Alajos Hauszmann disse acerca dos aposentos Reais: "Eu criei uma série de salas com 200 m. de comprimento, mais longa que quaisquer aposentos Reais na Europa continental com excepção de Versailles".
cerca de 1894.]]
Os Velhos Aposentos Reais ficavam no primeiro andar da ala barroca. Entre eles destacam-se:
A Cripta Palatina (em húngaro: Nádori kripta; em alemão: Palatinsgruft) no Castelo de Buda é o lugar de sepultura do ramo húngaro da Dinastia Habsburgo, fundada pelo Arquiduque José, Palatino da Hungria. É a única parte interior do Castelo de Buda que sobreviveu à destruição causada pela Segunda Guerra Mundial e não foi demolida nas reconstruções efectuadas nas décadas seguintes.
A Cripta Palatina fica situada sob a antiga Igreja do Castelo, construída em 1768 e destruída em 1957, na ala central do palácio. A cripta subterrânea começou a ser usada como local de sepultura entre 1770 e 1777. Apenas dez pessoas foram sepultadas ali durante esse período, incluindo cinco crianças, todas elas plebeias, mas mais tarde os seus corpos foram removidos.
No dia 23 de Agosto de 1820 Elisabeth Karoline, a infanta filha do Palatino José foi sepultada na cripta. 17 anos mais tarde, Alexander Leopold, o filho de 13 anos do Palatino seguiu-a. Nessa época, o Palatino José decidiu converter a cripta num mausoléu familiar. Pediu permissão à Corte vienense e encarregou o arquitecto Franz Hüppmann da tarefa. O trabalho ficou concluído em Março de 1838. As primeira e segunda esposas do Palatino, Alexandra Pavlovna da Rússia e a Princesa Hermine de Anhalt-Bernburg-Schaumburg-Hoym, assim como a sua infanta filha, Paulina, foram reenterradas ali. O próximo enterro foi de uma outra filha palatina, a Arquiduquesa Herminia Amálie, em 1842. O próprio Palatino José foi enterrado na cripta no dia 13 de Janeiro de 1847.
Foram erguidos sarcófagos de pedra pelo Palatino Estevão, em 1847. A cripta foi danificada em 1849, durante o cerco de Buda. Viria a ser restaurada pelo Arquiduque José Carlos, o filho mais novo do Palatino José, em 1852. A reconstrução foi executada de acordo com planos de Ágost Pollack. Foi novamente reconstruída entre 1897 e 1926 por Alajos Hauszmann, de acordo com os desejos do Arquiduque José Carlos e, mais tarde, da sua viúva, a Arquiduquesa Clotilde. Depois da morte de Hauszmann o trabalho permaneceu inacabado.
A cripta foi usada continuamente pelo ramo húngaro da família Habsburgo. Foi enriquecida com novas obras de arte, frescos, estátuas e sarcófagos de pedra ornamentados, feitos pelos melhores artistas do século XIX. Mais tarde viriam a ser ali sepultados: a Duquesa Maria Doroteia de Württemberg, a terceira esposa do Palatino José, em 1855, a Arquiduquesa Isabel Clementina, em 1866, o Palatino Estevão, em 1867, o Arquiduque Ladislau Filipe, em 1895, a Arquiduquesa Gisela, em 1901, a Arquiduquesa Clotilde Maria, em 1903, o Arquiduque José Carlos, em 1905 e o Arquiduque Mateus, igualmente em 1905. O último membro da família a ser enterrado na cripta foi a Arquiduquesa Clotilde, em 1927.
A cripta sobreviveu à guerra ilesa e não foi destruída durante a reconstrução do pós-guerra, tendo sido apenas fechada. Contrariamente aos anitigos Reis Habsburgo, o Palatino José era respeitado mesmo pelo governo comunista do pós-guerra, pelo que a sua estátua em Peste permaneceu erguida. A cripta foi várias vezes saqueada durante os trabalhos de reconstrução, a primeira vez em 1966. Durante o incidente mais sério, em 1973, até os cadáveres foram tirados dos sarcófagos pelos ladrões de sepulturas. Mais tarde, os restos humanos foram identificados e reeenterrados. A cripta foi restaurada entre 1985 e 1987. A cerimónia de abertura oficial, ocorrida no dia 3 de Outubro de 1987, foi presenciada por onze descendentes do Palatino José. Desde então, a Cripta Palatina faz parte das exposições da Galeria Nacional Húngara.
A Cripta Palatina consiste em três salas abobadadas interligadas entre si. A própria cripta é idêntica à sala mais profunda (Sala C). Nas Salas B e C, as paredes laterais foram cobertas com um revestimento de falso mármore, enquanto o tecto abobadado foi decorado com frescos representando o céu estrelado com anjos nos cantos. No pavimento existe um painel em tons de cinzento e encarnado.
O túmulo de Ladislau Filipe (1875-1895) está decorado com uma estátua do jovem arquiduque em mármore branco, o qual faleceu num trágico acidente de caça. A estátua foi feita por Alajos Stróbl e modelada numa máscara mortuária. Dois túmulos próximos da entrada contêm os restos mortais das Arquiduquesas Isabel Carolina (1820) and Paulina (1801). Os obeliscos estão decorados com anjos em bronze voando e coroados com coroas arquiducais.
Os outros túmulos são mais simples e contêm os restos mortais do Palatino Estevão (1817-1867), do Arquiduque Alexandre Leopoldo (1827-1835), da Arquiduquesa Maria Doroteia (1797-1855), da Arquiduquesa Hermínia Maria (1797-1817), da Arquiduquesa Hermínia Amália (1817-1842) e de Alexandra Pavlovna da Rússia (1783-1801).